domingo, março 19, 2006

Baco, promete-me que não voltas a embebedar o Cupido...






















1850 - Drunken Bacchus and Cupid
Gérome

Oil on canvas 58 5/8 x 44 3/8 inches (149 x 113 cm)
Musée des Beaux-Arts, Bordeaux

...

LISTEN

sexta-feira, março 17, 2006

Na Rua do Alecrim


L tinha conhecido M no local de trabalho. M estava a ser apresentada aos colegas e quando chegou ao departamento onde L trabalhava, olhou-o nos olhos e durante largos segundos não conseguiu ver as pessoas que T lhe ia apresentando. Este olhar trazia promessas de algo. Uns tímidos e-mails foram o aperitivo para um relação de momentos intermitentes de felicidade e de intensidade que viveram durante uns meses.

L mudou de vida. "Aplaudia quem largava tudo e montava uma tenda na praia" e experimentou durante um ano um percurso idêntico. M continuou no seu trabalho rotineiro. Por vezes encontravam-se nos sitios mais bonitos da cidade, e prometiam abrir juntos uma tenda de sumos naturais ou uma empresa de jardinagem.

L gostava imenso da companhia de M. Riam-se e sentiam-se bem juntos. Num dia de chuva, M apareceu com uma mala pesada. L ofereceu-se para segurá-la enquanto passeavam pelo Chiado. A certa altura, entraram num tunel escuro de umas obras e L, dado a mesuras, deixou M passar primeiro.

M saiu sozinha do tunel e quando olhou para trás, não encontrou L. Atravessou a rua e tentou alcançar com os olhos a totalidade da multidão que caminhava apressada na rua. Em vão. Preocupada tentou telefonar a L. A telefonista apareceu. O número não estava atribuído. M estava pouco contente com a brincadeira. L. era brincalhão mas esta era demais... nunca lhe perdoaria. Correu em desespero à procura de L mas não encontrava nem sombras. Não estava preocupada com a mala mas começava a pensar que podia ter havido um rapto mesmo nas suas costas.

Exausta e desesperada com a dúvida pensou ir para casa. Foi no comboio a pensar que seria a última brincadeira que L lhe fizera. Não sabia como encará-lo. Tentou toda a noite telefonar-lhe mas em vão. Pensou as piores coisas de L e arrependeu-se do seu envolvimento com ele.

Não domiu nessa noite.

Com o romper da aurora, levantou-se à pressa e foi para o trabalho. Estava determinada a contar aquela história aos colegas na esperança que alguém lhe desse as respostas que ela não encontrava.

Começou a contar que tinha ido no dia anterior tomar um chá com L e que ele desaparecera de repente.

F perguntou-lhe: - Mas quem é o L? M corou e em desabafo contou que tinha tido uma relação com L durante uns meses e que continuavam a encontrar-se. F estava confusa: - Mas eu conheço-o?

M disse-lhe que L era o mesmo L que trabalhava junto da sua secretária. F olhava perplexa para M. Nunca vira a sua amiga tão confusa. Disse: - M, acalma-te. Nunca trabalhou cá nehum L., muito menos ao pé da minha secretária.

M. riu-se. Afinal a brincadeira estava a ir mais longe. Disse com ar sério: - Agora chega! Que ideia foi esta de brincarem comigo desta forma estúpida?

F. corou forte e começava a ficar preocupada. Embora não fossem amigas intimas, F tinha o maior respeito por M, que por vezes a ajudava em trabalho que queria despachar pela noite dentro. Olhou nos olhos da amiga e disse: - M, acho que precisas de te sentar. Bebe um copo de água.. Não sei como te dizer isto... mas nunca trabalhou cá L nenhum...

M sentiu o chão a desabar. Levou as mãos à cabeça e fixou o olhar no infinito...

quinta-feira, março 16, 2006

Os atlantes


Hoje, na abertura da exposição de escultura da Maria Morais, conheci o famoso escultor e poeta Lagoa Henriques, seu Mestre, que encantou com os seus 83 anos de sabedoria e presença.

O Mestre Lagoa Henriques foi aluno de Mestre Barata-Feyo e Dórdio Gomes e conviveu com Carlos Ramos. Hoje continua a ensinar na ESBAL. A minha profunda homenagem.

Sobre o Mestre escultor encontrei alguns textos como este e este. Um também sobre a dança.

Falámos sobre as cariátides (que tinha conversado com a Maria Morais há alguns dias) e o Mestre Lagoa Henriques adiantou que quando são figuras masculinas que sustentam os elementos arquitectónicos se chamam atlantes.
Quanto a Obras do Mestre, sendo célebre o seu Fernando Pessoa exposto na Brasileira do Chiado e o Túmulo de Fernando Pessoa nos Jerónimos, deixo aqui algumas obras que consegui encontrar na internet.


Fernando Pessoa - Exposto na Brasileira do Chiado

Elemento escultórico, intervenção plástica da autoria de Lagoa Henriques.Fotografia: Arnaldo Sousa.

Sem título, 1954 - Cimento pintado170 x 100 x 70 cm

quarta-feira, março 15, 2006

I'm gonna delay my pleasure

I'm gonna break the cycle
I'm gonna shake up the system
I'm gonna destroy my ego
I'm gonna close my body now

For every sin I'll have to pay
A time to work a time to play
I think I'll find another way

It's not my time to go

I'm gonna avoid the cliché
I'm gonna suspend my senses
I'm gonna delay my pleasure
I'm gonna close my body now

terça-feira, março 14, 2006

O Homem da Harmónica

Mais um episódia desta linha de Sintra que eu amo!

Costumo dizer sempre que respeito muito os maluquinhos..

Dentro dos seus limites acho fascinante os seus esforços para passarem como normais, talvez como a maioria de nós no nosso dia a dia. Fazem-me pensar que os ditos "normais" fazem imensos gestos sem jeito nenhum e que os maluquinhos acabam por reproduzir como simbolo de normalidade.

Todos devem conhecer o homem da harmónica: um pobre velho que caminha perdido pelos transportes com um chapéu de arrumador, várias malas a tiracolo, e vez em quando, uma harmónica que improvisa nos seus lábios.

Hoje vim perto dele no regresso a casa. Ele observava todos os comportamentos das pessoas com uma atenção que não pode ser desprezada. De repente, tirou uma agenda e uma caneta e, olhando à volta, fazendo questão de ser visto, começou a rabiscar uns hieroglifos na agenda ao contrário sobre os joelhos. Todos olhavam com curisidade o resultado do movimento da caneta e trocavam olhares de chacota.

Uma senhora que ia ao seu lado atendeu uma chamada de telemóvel e combinou uma hora com o seu interlocutor. Ele de imediato, como por magia, tirou um telemóvel do bolso, encostou-o ao ouvido e balbuciou uns sons enquanto olhava para o relógio e escrevinhava ininterruptamente.

Fez-me pensar como os comportamentos dos ditos normais são ridiculos... todos nós fazemos isso de olhar para o relógio e soltamos expressões de inquietação no meio de transportes como que para provar que temos vida, ocupações, atrasos, boas e más noticias a chegarem pelo telemóvel.

Elas ficam realmente ridiculas imitadas por um louco de lisboa. Serão eles piores do que nós..? a terra não girará mesmo ao contrário...?

domingo, março 12, 2006

A case of U

A Case of You - Crisitina Branco (orig Joni Mitchell)

Just before our love got lost you said
"I am as constant as the northern star"
And I said, "Constantly in the darkness
Where's that at
If you want me I'll be in the bar"
On the back of a cotton coaster
In the blue T.V. screen light
I drew a map of Canada
Oh Canada
With your face sketched on it twice

In my blood like holy wine
You taste so bitter and so sweet
Well, I could drink a case of you, darling
And I would still be on my feet
I would still be on my feet

Oh I am a lonely painter
I live in a box of paints
I'm frightened by the devil
And I'm drawn to those ones that ain't afraid
I remember that time you told me
"Love is touching souls"
Surely you touched mine
'Cause part of you pours out of me
In these lines from time to time

My blood
My holy wine
Tastes so bitter and so sweet
Well I could drink a case of you, darling
And I would still be on my feet
I would still be on my feet

I met a woman
She had a mouth like yours
She knew your devils and your deeds
And she said, "Go to him, stay with him
But be prepared to bleed"

My blood
My holy wine
Tastes so bitter and so sweet
Well I could drink a case of you, darling
And I would still be on my feet
I would still be on my feet

O Pretérito melhor da noite

Hoje passei um dia fantástico com a R. Não me divertia tanto há muito tempo.

Falámos dos MTV Awards a que ela assistiu e que elegeu como momento alto da noite o Pretérito* da Madonna!





*Por pretérito entenda-se aquilo que está para trás.

sábado, março 11, 2006

Mafalda Arnauth

Confesso que foi há pouco tempo que comecei a conhecer Mafalda Arnauth e estou rendido.

Deixo 2 letras de 2 músicas que gosto particularmente:

FADO ARNAUTH
(Mafalda Arnauth / Luís Oliveira)

Anda o vento em brincadeira
Agitando os meus sentidos
À procura da fogueira
Dos meus sonhos esquecidos.

No feitiço desta dança
Só não cai quem não se entrega
Que o amor só não alcança
Quem à vida se nega.

Dizem que o amor é louco
Mas ninguém lhe diz que não
Quem disser que ama pouco
Mente ao próprio coração.

Quem me dera a Primavera
Fosse eterna no meu peito
Mas se o tempo não me espera
Eu vivo do meu jeito.




AS FONTES (Clip)
(Sophia de Melo Breyner / Luís Oliveira)

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total
À agitação do mundo irreal
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa
E nela cumprirei todo o meu ser.



As Cariátides

Sou apenas curioso em arte.

Sempre me dei bem com pessoas da área das artes, vulgo artistas, achando-os fantásticos na busca da diferença. Enquanto na minha área as pessoas gostavam de ser iguais e destacar-se pouco, as pessoas de artes, pelo contrário, buscavam maneiras de estar na vida muito diferentes, por dentro e por fora. Tenho perguntado a vários amigos/conhecidos arquitectos ou escultores o nome daquelas figuras humanas que encontramos em vários edificios antigos a suportar varandas.

Ninguém me sabia dizer... até ontem que jantei com a Maria Morais, famosa escultora portuguesa. E ela disse-me o nome. Investiguei e apresento aqui os resultados. Fiquei fascinado com o que encontrei.


Tudo começou entre 421 a 406 a.c.

Mnesikles é o nome do arquitecto responsável pela contrução de um tempo que inspirou a obra de muitas gerações até meados do séc. XIX - O Erectéion.
Inserido no estilo Jónico, foi a última obra erguida na Acróplole, segundo o desenho de Péricles.

O Erectéion não se assemelha a um templo religioso grego, pois a sua estrutura está condicionada pelo terreno onde foi construído e pelas necessidades rituais em função das quais foi projectado.

Tinha quatro salas que terminavam em três pórticos exteriores muito diferentes, orientados para três distintas direcções. No entanto, as proporcões estão tão bem calculadas que o efeito é muito harmonioso, qualquer que seja a perspectiva. Os dois primeiros pórticos são jónicos, um principal com 4 colunas altissimas e esbeltas e capiteís muito elaborados, outro lateral com 6 colunas.

O terceiro pórtico é o Pórtico das Cariátides, tem 6 figuras femininas no lugar das colunas, e um entablamento jónico, com arquitrave de 3 bandas horizontais e um pequeno friso de molduras que recorda o Tesouro de Sifnos.

Cariátide designa a figura humana feminina que sustenta uma cornija ou arquitrave. Provém do grego Karyátides (etim. Raparigas de Cárias, cidade escravizada da Lacónia, ) O termo é referido por Vitruvio no seu 1º Livro de Arquitectura. As figuras são tão serenas que não parecem sustentar o poderoso entablamento que as protege. Recordam as mulheres mediterrâneas que ainda hoje vemos levar cestas e cântaros sobre a cabeça.

O Pórtico das Cariátides, no templo de Erectéion, marcou uma busca de novas soluções arquitectónicas na concepção do espaço, do suporte do entablamento e das mentalidades, desbravando o que é mais difícil de mudar.

Um templo com este pormenor tem por objectivo restaurar os antigos santuários destruídos pelos Persas na expedição de Jerjes, entre os quais os de Atenas, Poseidon, Cecreops e Erecteo. A lenda conta que houve uma competição promovida por Zeus, para escolher o deus patrono da cidade, na qual participaram Atenas e Poseidon. Cada um tinha que realizar um prodigio no cima da Acrópole. A deusa fez crecer uma oliveira no meio de um rocha e Poseidin cravou seu tridente jorrando nesse local uma fonte de água.

Cecrops, o primeiro soberano lendário da comarca de Ática(onde se encontrava Atenas) declarou vencedora Atenas dando um lugar privilegiado a Poseidon também.

Fica um Poema e algumas imagens de edifícios que as recordam

Exemplos posteriores de Cariátides:























quarta-feira, março 08, 2006

Uncle John Keep my baby warm


Estava eu agora com o pijama meio vestido e meio enfiado na cama a folhear uma revista social que o Dia da Mulher trouxe de graça às minhas mãos quando toca o telefone.

Era a minha irmã com a NOTICIA: VAIS SER TIO! KEEP MY BABY WARM! (LISTEN)

Parabéns!


terça-feira, março 07, 2006

à mulher


William Bouguereau 1825-1905

escutar Tangerine

segunda-feira, março 06, 2006

Dream

Escutar Dream dos We Are Soldiers We Have Guns


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[...]
Acho que é sempre Ela,
Em cada corpo percorrido,
Em cada falso beijo,
Em cada cama manchada,
Em cada perfume que fica em mim,
Reconheço-a e procuro-a.

A minha vida é uma roda que gira
Que anseio que me solte,
Que me devolva a águas calmas,
Onde sei que Ela está.
Onde sei que Ela é apenas Uma.
Que tem um só perfume,
Onde o beijo é sincero,
Onde a Vida é Eterna e não gira
.

Ela.. que pode ser tanta coisa!

Siddhy - Nov 2005

sábado, março 04, 2006

The accident

Escutar The Accident

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Hoje não estou bem.

Comecei a escrever por algumas vezes um post para aqui colocar mas quando releio, acho ridiculo e fecho a janela sem salvar nada...

comecei a escrever uma história sobre o sol e sobre a lua, numa espécie de enredo amoroso que culmina num eclipse... a história foi-me realmente contada pelo chilrear da chaleira e vai ter de inspirar outro que não eu.

Tive um dia preenchido de pessoas, mas onde me senti só. agora que chego a casa e encosto os patins, sinto ainda mais a tua falta.

Silêncio e tanta gente..

Flash



sexta-feira, março 03, 2006

Chariot













Escutar Chariot (Page France)

Não foram capazes de se olhar nos olhos
Seguiam no mesmo trem e olhavam distantes a janela...

Várias vezes ele surpreendeu o poder de seus olhos na sua direcção
Mas ao olhar ela tornou o olhar novamente distante...em direcção à janela e à hesitação

Ele saiu. Ela recolheu-se em si.

Outros comboios passaram. Entretanto choveu.

Ele esqueceu. Ela não se lembrou mais.

Apenas o tempo registou.

Siddhy

quarta-feira, março 01, 2006

Limites da privacidade moderna

Hoje queria comentar algo que me fez pensar:

Uma vez, há uns anos, dei com uma irmã minha a forrar com uma folha branca um livro que tinha comprado.

Eu interrompi perguntando-lhe o motivo. Ela disse que não gostava de ir em transportes públicos e que as pessoas lessem os títulos dos livros que ela lia.

Eu disse: faz sentido, tu és gira, as pessoas podiam sentir-se no direito de meter conversa contigo... ou porque leram o mesmo livro, ou porque gostariam de ler, ou porque está um lindo dia de sol... Ela assentiu!

Isto passou.. Comecei a notar que era um hábito regular entre raparigas. Forravam os livros.. e só a pessoa que ia ao lado é que poderia espreitar e saciar a curiosidade sobre o interesse da companheira de viagem. Eu próprio o faço discretamente!

Entretanto passaram uns anitos e vejo que não são apenas as mulheres mas há homens que forram os livros antes de os lerem no comboio da linha de sintra! Isto é fantástico.

Estou a vê-los a chegarem a casa depois do trabalho, com um saco da FNAC com um livro e uns cd's (n faço julgamentos sobre quais) e enquanto a Laurinda faz a comida e o Miguel os deveres, o Alberto, pai de família e gestor de uma multinacional há 5 anos no país, forra o livro com fita cola e uma folha A3 que comprou no LE ROY MERLIN para forrar gavetas.

Pergunta: Sinceramente não sei qual é que hei-de colocar...

Visita da Bélgica


Oi hoje não publico nada!

Gostaria apenas de ter um comentário de alguém que me tem visitado com frequência deste local:


Ketelheide, Brabant

Apenas por curiosidade!

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