sexta-feira, março 17, 2006

Na Rua do Alecrim


L tinha conhecido M no local de trabalho. M estava a ser apresentada aos colegas e quando chegou ao departamento onde L trabalhava, olhou-o nos olhos e durante largos segundos não conseguiu ver as pessoas que T lhe ia apresentando. Este olhar trazia promessas de algo. Uns tímidos e-mails foram o aperitivo para um relação de momentos intermitentes de felicidade e de intensidade que viveram durante uns meses.

L mudou de vida. "Aplaudia quem largava tudo e montava uma tenda na praia" e experimentou durante um ano um percurso idêntico. M continuou no seu trabalho rotineiro. Por vezes encontravam-se nos sitios mais bonitos da cidade, e prometiam abrir juntos uma tenda de sumos naturais ou uma empresa de jardinagem.

L gostava imenso da companhia de M. Riam-se e sentiam-se bem juntos. Num dia de chuva, M apareceu com uma mala pesada. L ofereceu-se para segurá-la enquanto passeavam pelo Chiado. A certa altura, entraram num tunel escuro de umas obras e L, dado a mesuras, deixou M passar primeiro.

M saiu sozinha do tunel e quando olhou para trás, não encontrou L. Atravessou a rua e tentou alcançar com os olhos a totalidade da multidão que caminhava apressada na rua. Em vão. Preocupada tentou telefonar a L. A telefonista apareceu. O número não estava atribuído. M estava pouco contente com a brincadeira. L. era brincalhão mas esta era demais... nunca lhe perdoaria. Correu em desespero à procura de L mas não encontrava nem sombras. Não estava preocupada com a mala mas começava a pensar que podia ter havido um rapto mesmo nas suas costas.

Exausta e desesperada com a dúvida pensou ir para casa. Foi no comboio a pensar que seria a última brincadeira que L lhe fizera. Não sabia como encará-lo. Tentou toda a noite telefonar-lhe mas em vão. Pensou as piores coisas de L e arrependeu-se do seu envolvimento com ele.

Não domiu nessa noite.

Com o romper da aurora, levantou-se à pressa e foi para o trabalho. Estava determinada a contar aquela história aos colegas na esperança que alguém lhe desse as respostas que ela não encontrava.

Começou a contar que tinha ido no dia anterior tomar um chá com L e que ele desaparecera de repente.

F perguntou-lhe: - Mas quem é o L? M corou e em desabafo contou que tinha tido uma relação com L durante uns meses e que continuavam a encontrar-se. F estava confusa: - Mas eu conheço-o?

M disse-lhe que L era o mesmo L que trabalhava junto da sua secretária. F olhava perplexa para M. Nunca vira a sua amiga tão confusa. Disse: - M, acalma-te. Nunca trabalhou cá nehum L., muito menos ao pé da minha secretária.

M. riu-se. Afinal a brincadeira estava a ir mais longe. Disse com ar sério: - Agora chega! Que ideia foi esta de brincarem comigo desta forma estúpida?

F. corou forte e começava a ficar preocupada. Embora não fossem amigas intimas, F tinha o maior respeito por M, que por vezes a ajudava em trabalho que queria despachar pela noite dentro. Olhou nos olhos da amiga e disse: - M, acho que precisas de te sentar. Bebe um copo de água.. Não sei como te dizer isto... mas nunca trabalhou cá L nenhum...

M sentiu o chão a desabar. Levou as mãos à cabeça e fixou o olhar no infinito...

6 Opiniões

Anonymous Anónimo said...

sentes-te mais um louco de lisboa??
tens de facto visto a terra a girar ao contrário???
beijinho
marina

sábado, 18 março, 2006  
Blogger Siddhichandra said...

Não mas tenho dificuldade em distingui-los..

(*)

Siddhy

sábado, 18 março, 2006  
Blogger Siddhichandra said...

Era alguém que M tinha criado. Foi-lhe diagnosticada esquizofrenia...

sábado, 18 março, 2006  
Blogger Siddhichandra said...

Hoje não tenho respostas nehumas.

Precisava apenas de um carinho...

segunda-feira, 20 março, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Ora bem, eu acho que isso é dessa droga da violação que anda aí. Põem isso nos copos nas discotecas e depois o pessoal fica todo marado. Eles andam aí.

quinta-feira, 23 março, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Mas........ se a mala de M era real...... que é dela?
Como disse o povo e disse muito bem: eu não acredito em bruxas "pero que las hay, las hay"
A ciência dá sempre um nome a todo aquelo que não consegue explicar!
Jocas.
C. do gato

sábado, 01 abril, 2006  

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