O Desterrado
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Autor António Soares dos Reis (1847-1889)
Mármore de Carrara, Roma 1872
Dimensão A. 178 cm; L. 68 cm; P. 73 cm
«Ao escurecer, voltou de terra o comandante, e contemplou, com os olhos embaciados de lágrimas, o desterrado, que contemplava as primeiras estrelas, eminentes ao mirante.
- Procura-a no céu? - disse o nauta.
- Se a procuro no céu! - repetiu maquinalmente Simão.
- Sim!... No céu deve ela estar.
- Quem, senhor?
- Teresa.
- Teresa!... Morreu?!
- Morreu, além, no mirante, donde ela estava acenando.
Simão curvou-se sobre a amurada, e fitou os olhos na torrente. O comandante lançou-lhe os braços, e disse:
- Coragem, grande desgraçado, coragem! Os homens do mar crêem em Deus! Espere que o céu se abra para si pelas súplicas daquele anjo!
Mariana estava um passo atrás de Simão e tinha as mãos erguidas.
- Acabou-se tudo!... - murmurou Simão. - Eis-me livre... para a morte...»Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição - 1862